Friday, July 27, 2007

Lembranças ou saudades?


Lembrança é da memória, saudade é da alma.

Muitas lembranças, pouca saudade.

Lembranças surgem com um cheiro, uma música, uma palavra.

Saudade surge sozinha, emerge do fundo do peito onde é guardada com carinho.

Lembrança pode ser boa, mas quando não é, pode-se afastá-la convocando outra lembrança ou convocando outro pensamento para o lugar, ligando a TV ou lendo o jornal.

Saudade é sempre boa, mesmo quando dói, e não se apaga mesmo que outra pessoa tente ocupar o lugar vazio. Ela pode coexistir com um novo amor, sem machucá-lo.

Lembrança é de algo real, de um lugar, uma época, uma pessoa.

Saudade pode ser do que não houve, de uma possibilidade, de lábios jamais tocados.

Lembrança pode ser contada, medida, localizada, e com algum esforço,pode até ser calculada com uma fórmula matemática, ao gosto dos engenheiros.

Saudade é dos poetas, é pautada em rimas e melodias; vontade de ver outra pessoa, segundo os poetas, teria outro nome, seria uma saudade com tempero, eu acho.

Lembrança pode ser sem som, pode não doer.

Saudade jamais é sem som. Se ela não vier com música de fundo, a gente coloca, só para ficar mais bonita, mais gostosa de sentir, para preencher mais a alma vazia.

Lembrança vence a morte, mas conforma-se com a ausência, respeita convenções.

Saudade ignora a morte, vence distâncias, barreiras e preconceitos.

Lembrança aceita nosso comando, vai e volta quando queremos.

Saudade é irreverente, independente e auto-suficiente.

1 comment:

Anonymous said...

joaoreis_30@hotmail.com =) *